Wednesday, August 31, 2005
Thales
De antemão peço desculpas pelo tamanho do post, quem se interessar apenas pelo jogo entre Corinthians e Botafogo, do qual fui testemunha ocular, leia o texto pulando os parênteses, que são divagações e considerações genéricas. No penúltimo parágrafo trato da fiel torcida corintiana e no último de hinos de clubes. Faço os esclarecimentos para não obrigar o leitor a passar os olhos por aquilo que não lhe interessa.
Pela segunda vez este ano levei meu pé gelado para além das alterosas, mais precisamente ao Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, vulgarmente conhecido como Pacembu.
Como é de conhecimento da maioria, namoro uma corintiana, a Ju, da filial (ao lado linkada). Ela própria se intitulava pé-fria, e assim justificava sua prolongada ausência das arquibancadas paulistanas. Ela poderia muito bem culpar a violência nos estádios ou qualquer outra mazela da maior cidade brasileira, mas preferiu assumir, de maneira honesta, o mau agouro que sua presença inspirava.
(A respeito disso, devo dizer que não acredito em torcedor sem superstição e senso de responsabilidade pessoal e intransferível no que se refere ao sucesso ou insucesso de seu clube de coração. Ano passado não fui figurinha fácil no Mineirão, fui em não mais que dez jogos, porém vi o Atlético vencer TODOS eles. Como não poderia ser diferente, fui no jogo derradeiro da luta contra o descenso. No trajeto para o estádio meus companheiros de sofrimento externavam suas preocupações, exceto eu, que, confiante, dizia não ter qualquer sombra de dúvida acerca da vitória alvi-negra, e mais, que ela aconteceria por dois ou mais tentos de diferença, zombaram de mim, placar final, Atlético 3 x 0 São Caetano. Tenho um primo, Paulo, (que por sinal foi quem me deu carona para assistir o jogo supracitado) que até hoje se culpa pela perda do campeonato brasileiro de 1977. Ele, na época com 13 anos, conta que foi a todos os jogos do campeonato de 77 com seu amigo, Guto, e juntos viram o Atlético vencer todos os jogos dentro do Mineirão. Só que no dia da final contra o São Paulo, Guto tombou febril, delirava com 40 graus de febre, e ainda assim queria ir, mas sua mãe não permitiu, ele chorou, esperneou, tentou fugir de casa, de nada adiantou, acabou mesmo acompanhando a final pelo bom e velho radinho de pilha. Paulo foi só. Chorou só. Não apenas a perda do título (invicto, diga-se de passagem), mas também pela culpa de se saber responsável pela tristeza de pouco mais de cem mil atleticanos presentes àquele que ficou conhecido como o dia mais triste da história do Mineirão).
Mas, continuando, inspirada pelas contratações milionárias e pelo bom desempenho do Corinthians na atual temporada, a Ju decidiu que era tempo de testar sua sorte, e não se decepcionou, viu o time sair vitorioso de todos os combates em que esteve presente, exceto pelo jogo em que fui acompanhá-la. Da vez primeira fui assistir Corinthians e São Caetano, eu, que esperava ver o virtual campeão brasileiro, vi somente Edílson, em dia de profunda inspiração.
Desta feita fui assistir Corinthians e Botafogo. Era a volta de Tévez ao time, que cumprira gancho pela expulsão no jogo contra o São Caetano. Confesso que, contra o time de Scheidt, Ruy, Juca e Guilherme, não esperava nada diferente da vitória, mas ela não veio.
O prenúncio da tragédia se desenhou logo na preliminar, num jogo da Copa Cultura entre os júniores das duas equipes. O Corinthians vencia por dois a um, jogando com dois homens a menos, quando aos 43 do segundo tempo, numa falha clamorosa da zaga, o juíz marca um pênalti favorável ao Botafogo. O camisa 7 do Botafogo bate, converte e, com o dedo indicador em riste na frente da boca, corre em direção à Fiel pedindo silêncio, não satisfeito, pára e faz uma caricatura da dancinha do Tévez, o Pacaembu quase veio a baixo, "chuta a cabeça dele" foi o grito mais elegante que ouvi das arquibancadas. Devo dizer que sou totalmente favorável a esse tipo de provocação, acho que alimenta a rivalidade, incrementa a disputa e incendeia as paixões. Garanto que os mesmo corintianos que eram favoráveis ao desmembramento do pobre infeliz, foram os mesmo que aplaudiram a comemoração de Viola imitando um porco no primeiro jogo da final do brasileiro (escapa-me o ano) contra o Palmeiras, por exemplo. São essas pequenas coisas que fazem do futebol uma paixão para além das quatro linhas. Outro ponto importante é o marketing pessoal, a auto-promoção do jogador, de ilustre desconhecido a protagonista em 30 segundos. Qualquer pessoa que acompanha futebol com um mínimo de interesse sabe quem é Cafezinho, não tivesse ele se engalfinhado com Romário, teria morrido no mais completo ostracismo. Nem todos podem chegar à notoriedade pela porta da frente. Com relação ao caso em questão, entristece-me a covardia. Obviamente que, após o apito final, todos os jogadores do Corinthians partiram pra cima do rapaz, que ao invés de enfrentar a fúria do rival e subir no picadeiro que armou, deu um pinote em direção ao vestiário temendo por sua integridade física. O ponto é que não se pode ser mais ou menos homem, se o foi na hora de fazê-lo, que também o seja na hora de arcar com as consequências.
(E aproveitando-me do gancho da violência, manifesto minha opinião com relação ao caso Walker (que conforme colocou o Boe, levou pra casa o Troféu Carrinho no Pescoço). Walker foi ralhado por todos os lados, imprensa, torcida, mães de família, Unicef, não faltou quem se apresentasse para colocá-lo na cruz. Saio em defesa de Walker. Aliás, saio em defesa da violência nos gramados, sou politicamente incorreto. Por que defendo Walker? Simples, um escritor de talento menor, num momento de rara luminescência, escreveu a clássica frase, "Se houver uma camisa branca e preta no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento", eis tudo, a camisa foi agredida, um símio entrou em campo e tentou agredir não Rubens Cardoso, mas a camisa do Clube Atlético Mineiro. Pouco castigo para tamanha heresia.)
A partida principal foi exatamente um reflexo da preliminar, um time que sobrou em campo, em todos os sentidos, tanto nos erros quanto nos acertos, e outro que se limitou a abrir os presentes recebidos. Posso até ter sido taxado de pé-frio pelas garotas da filial, mas não tenho culpa dos gols sofridos. Num o goleiro fica no meio do gol, exatamente atrás da barreira, numa cobrança de falta quase na risca da grande área. Qualquer goleiro do infantil sabe que a barreira protege um canto e o goleiro o outro, primeiramente ele facilita a cobrança para o atacante, que tem um canto livre para bater, em segundo lugar, ele só verá a bola após ela passar pela barreira, obviamente que não terá nem um segundo para reagir e chegar na pelota antes que ela cruze a risca do gol. No terceiro gol houve a falha-cerezo do zagueiro Sebá. Márcio substituiu um lateral por um atacante quando a equipe vencia de 3x2. Que culpa tenho eu?
Com relação à minha visita ainda restam dois aspectos.
O primeiro no que se à famigerada torcida corintiana. No jogo contra o São Caetano senti-me um pouco frustrado, nada de anormal, considerando-se que o time sofreu um gol logo aos 3 minutos, não demonstrou qualquer sinal de reação e ainda por cima sofreu o segundo, não há torcida no mundo que empurre seu time assim. Contra o Botafogo não me decepcionei, muito antes pelo contrário, confesso que cheguei a me arrepeiar após o terceiro gol, Nelson Rodrigues já dizia do pessismo inerente às cores preto e branca de um uniforme, e é por isso que identifiquei-me com a torcida corintiana, essa alegria carnavalesca e esfuziante que se sobrepõe ao momento de maior sofrimento, fenômeno inexplicável que quem torce pelo azul, verde ou vermelho jamais vai experienciar. Não sei se me faço entender, mas só após passar pelo tormento é que o corintiano se permite realmente ser feliz, num dado momento do jogo, quando a partida estava 2x0 alguém comentou atrás de mim nas arquibancadas, "a gente podia deixar eles fazerem um gol pra partida ficar mais emocionante", eis o ponto, o atleticano também não se permite ser feliz no 4x0, ele se sente atleticano no 1x0, depois de levar 3 bolas na trave. Nada mais bonito que o gozo que vem da dor de saber sofrido. Espetáculo dos mais tocantes, senhoras e senhores, coisa de encher os olhos de muito marmanjo.
Por fim um debate futebolístico que tive com as duas na noite de sexta, não sei por que o assunto chegou na questão do hino do Corinthians e, em vão, tentei-lhes explicar que o hino do Corinthians, assim como a esmagadora maioria dos hinos de clubes, não era um hino para ser cantado nos estádios, não é um hino que empurra o time, não sei se pela cadência ou se por palavras como "altaneiro", e fui prontamente ofendido quando disse isso. Mas é a mais pura verdade, o hino pra ser cantado num estádio tem que ser uma marcha de guerra, uma espécie de "I will survive" do futebol, uma dessas coisas que arrastam multidões atrás, música de derrubar governo, vou pegar um único verso do hino para tentar ilustrar, "Corinthians grande, sempre altaneiro", a cadência não tem uma marcação tribal, se você cantar o trecho em questão em voz alta, perceberá que som assemalha-se ao de uma sanfona ao ser espremida e estendida. Não é o grito favorito da torcida, o que insandece a massa. Assim como o do Cruzeiro, por exemplo, e qualquer cruzeirense há de concordar que a torcida enche muito mais o peito quando se inflama e berra a plenos pulmões, "É, Maldonado!!!". Diferentemente de hinos como os do Atlético ou Grêmio, pra citar dois exemplos, em que o torcedor sobe pelas paredes e faz tremer as estruturas. Só gostaria de deixar claro que não acho o hino mais ou menos belo por isso, um dos hinos que eu mais gosto é o do Fluminense, por exemplo, mas também acredito que não é um hino que levante a torcida e empurre o time. Até que elas vejam a torcida do Atlético, não creio que conseguirão entender isso.
Monday, August 29, 2005
Billy
Quanto à humilhante derrota de 4x1 do Cruzeiro para o Inter, já sem o striker Fred, tenho muito pouco a dizer. Acho que o resultado fala por si só.
Todavia, houve no jogo um fato que merece toda a atenção, destaque, divulgação.
Quando o Internacional já vencia com folga e a torcida colorada já gritava o tradicional “olé!”, o zagueiro celeste Leandro deu uma forte entrada, por trás, em Elder Granja, ala do Inter que estava com a bola. Um autêntico carrinho no pescoço.
No que, imediatamente, gritou, de seu córner, o comandante PC Gusmão, com baba no canto da boca: “SE FIZER DE NOVO VAI SAIR. VAI SAIR!”
PC Gusmão é da paz. Não é do tipo que manda o time fazer faltas.
Não sou nenhum bobo romântico (ou talvez seja sim), mas acredito que o futebol pode ser menos violento e feio.
Monday, August 01, 2005
Thales
A solução mais simpática e motivadora para a crise atleticana seria, de fato, a demissão do técnico Tite. Pois se por um lado Tite não chuta em gol, por outro escolhe quem vai fazê-lo. Mas por fim nem isso foi necessário, pois, no último sábado, após a derrota (a décima) para o Goiás, o próprio teve bom senso e entregou o cargo à diretoria. Que aceitou de bom grado.
Então eu durmo, acordo. E eis que o homem está de volta. Custo a crer. Sinceramente não sei o que a diretoria bolou na sala de justiça, talvez tenham deliberado e chegado à conclusão que trazer um novo treinador seria pouco choque para tamanha letargia, "Então vamos trazer o mesmo treinador que saiu! Eles não estão esperando por isso!", alguém deve ter dito durante a reunião. Posso estar redondamente enganado, e espero que esteja, mas acredito que esse vá ser um dos planos mais Cebolinha da história do futebol brasileiro.
E eu fico aqui pensando, vai que por alguma desgraça o Atlético perde para o Payssandu no Mineirão quarta-feira? Como Tite poderia ser mantido no cargo? Ele, na posição de vice-lanterna, perde para o lanterna DENTRO DE CASA. Ou seja, Tite seria "demitido", readmitido, e novamente demitido em cinco dias???
O Atlético está afundado no mais profundo dos lamaçais. Na cadeia alimentar do campeonato brasileiro a equipe alvinegra seria algo equivalente a um plâncton. Nós somos os micronutrientes do campeonato.
Billy
Cruzeiro
Após a chegada de PC Gusmão, a equipe apresenta não só um futebol mais ofensivo como uma postura mais agressiva. Hoje, o torcedor do Cruzeiro pode voltar a pensar em conquistas, ao invés de somente temer decepções como na época de Levir Culpi.
Maldonado vem jogando como um touro. No primeiro gol da equipe contra o Fortaleza, o volante chileno ganhou duas divididas duríssimas, em que deu dois carrinhos na bola, e lançou para o ataque. Contra o Corinthians, no meio de semana, foi um lutador implacável. Sempre com lealdade. Maldonado raramente faz faltas desqualificantes como a maioria dos volantes. Será uma pena se for jogar na Europa.
Contra o Fortaleza, destaque também para o goleiro Fábio que, ao que me parece, salvou o time.
Na próxima rodada, quarta-feira, o Cruzeiro enfrenta o time de veteranos do Brasiliense.
Levir Culpi erra feio. De novo!
Vasco e São Caetano no sábado. A equipe do ABC vencia por 2x0 até os 30 do segundo tempo. Frise-se, 30 do segundo tempo!!! Aí Levir Culpi entrou em ação. Sacou Dimba do time e meteu Paulo Miranda, o brucutu-mor, a antítese do Maldonado. Deu no que deu. O Vasco, um dos piores times do campeonato, arrancou uma virada milagrosa e respirou na barra da tabela.
Levir é um treinador medroso, inseguro e retranqueiro. Nunca vai mudar. Vai continuar sendo vice campeão.
Santos e Corinthians
O Santos fez um favor para o Campeonato e derrubou o Timão na Vila Belmiro. Se a MSI disparar na tabela ninguém pega mais. O Santos que, sem Robinho, vinha de seguidas derrotas; com Robinho, venceu o rival e volta à briga.
América-MG
Como bem disse o Lessa, o América é mesmo bom em estréias. Venceu por 1x0, fora de casa, a Cabofriense. O gol foi de Francismar, a grande promessa alviverde. Ao contrário da maioria da torcida do Cruzeiro, torço para o América voltar a figurar, pelo menos, entre as equipes mais fortes da Série B.
Lazaroni
Sebastião Lazaroni é o novo treinador do Juventude. Sem comentários!