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Tuesday, October 24, 2006

EM DEFESA DO ESCRETE E DE SEU COMANDANTE (2)
Thales

Bem sei que parecerá uma sandice o que estou prestes a declarar, não me importo, falo mesmo assim, sou a favor da efetivação ad infinitum do técnico Levir Culpi no cargo de treinador, tal qual Sir Alex Fergunson, no Manchester United, ou Guy Roux (recordista como treinador à frente de um escrete, 44 anos, salvo engano), no Auxerre.

O último grande treinador que esteve no Atlético foi Telê Santana, que montou o time da Copa União em 1987. Desde então lá se vão quase 20 anos e vários nomes passaram pelo clube, pra citar alguns exemplos, Vantuir Galdino, Marcelo Oliveira, Carlos Alberto Parreira, Humberto Ramos, Leão, Geninho, Bonamigo, Abel Braga, Procópio Cardoso, Tite, Celso Roth (não podia faltar) dentre tantos outros, uns com passagens relativamente boas e outros verdadeiros cataclismas.

Nunca considerei Levir um mau treinador, muito pelo contrário, sempre elogiei sua capacidade de formar equipes competitivas, que jogam um futebol coletivo e solidário, daí eu achar que ele é o treinador ideal para uma competição de pontos corridos.

Também sei que muitos são os argumentos contrários à sua efetivação, vamos a eles, "o Levir inventa na hora da decisão", sim e não, já o fez algumas vezes com estrondoso insucesso (vide Cruzeiro x Corinthians em 98), porém o campeonato brasileiro, nos moldes atuais, é uma competição de pontos corridos, e não nos esqueçamos que ele já deu uma Copa do Brasil (competição mata-mata) ao time da Toca; "Levice", entre ser o vice-campeão e sofrer com temporadas medíocres como as que têm ocorrido nos últimos anos, prefiro mil vezes ser vice; "o Levir é retranqueiro, só joga no contra-ataque", dentre as equipes européias, uma das que eu mais gosto de ver atuar é o Arsenal, que baseia seu jogo nos contra-ataques e ainda assim pratica um futebol rápido e vistoso, defendo que a disposição tática da equipe não tem necessariamente a ver com a beleza do espetáculo apresentado; "o Levir é treinador de time pequeno, só chegar na série A e o time cai de novo", ótimo, que caía, não tenho a menor dúvida que Levir nos faria subir novamente; e por fim, "o Levir é MUITO teimoso", essa eu tenho que concordar, não há defesa possível para o réu, Levir acredita que a repetição gera um padrão, no que está coberto de razão, em 90% dos casos, o problema é que o nobre comandante não tem muito olho clínico pros outros 10%, por vezes parece não entender que, como água e óleo, cachaça e vinho, certos elementos jamais vão combinar entre si, "ele tem todas as características de um bom volante, mas não funciona jogando com determinado armador", e Levir, tal qual um espectador privilegiado, espera a mágica acontecer, por dez, vinte rodadas, e ele vê melhoras que ninguém mais vê (e não falo desta temporada), mas enfim, que seja, que ele insista no erro nas 38 rodadas do campeonato, que haja uma temporada em que a equipe acabe em 15º, dois anos depois você vai comentar um dia dando risada numa mesa de boteco, "aquela temporada, putz, se o Levir não tivesse insistido no Bilu o time podia ter ido longe", (que nem é mau jogador, está aqui apenas como exemplo, e claro, pela peculiaridade do apelido).

A verdade é que nesses quase 20 anos, dentre mortos e feridos salva-se o Levir (que já teve temporada medíocre à frente do Atlético, diga-se de passagem). Mas como nenhuma das primas donnas de cabaré funcionaria no comando, pelo menos que seja um bom treinador, identificado com o clube, sabedor do que representa o Atlético na vida de cada um desses miseráveis que marcham até o Mineirão, que seja alguém que ame o clube e cobre isso de seus comandados. Levir me irritará um dia, não tenho qualquer dúvida quanto a isso, mas ainda assim voto em favor da efetivação ad infinitum de Levir.

Monday, October 16, 2006

AQUELE ALGO MAIS (ou O CARRINHO NÃO PODE MORRER)
Thales

Passei toda tarde de domingo assistindo futebol, Flamengo 3 x 0 Corinthians, e, posteriormente, Palmeiras 2 x 2 Atlético-PR. O segundo melhor que o primeiro, mas não quero falar sobre as partidas, e sim sobre declarações dadas ao término das mesmas.

Alguns jogadores corintianos, e o próprio treinador, (alguém mais letrado que eu pode fazer a gentileza de explicar-me por que baiano e corintiano não têm "h" no meio?) declararam em entrevistas que, "agora tem que ser homem, ter dignidade, dar aquele algo mais". Do lado palmeirense, após o heróico empate conseguido nos minutos finais da contenda, os jogadores ressaltaram a importância do "algo mais" na segunda etapa. Semana retrasada, salvo engano, o jogador Fábio Santos (do Cruzeiro) cobrou mais empenho dos companheiros e declarou que, se o time pretendia chegar à Libertadores, era o momento de dar o "algo mais". O discurso do "algo mais" foi recorrente durante toda a desastrosa campanha atleticana em 2005, cheguei mesmo a pensar em apresentar o "algo mais" a alguns jogadores, "Fábio Baiano, prazer, esse é o 'algo mais'. 'Algo mais', esse é o Fábio Baiano."

Não raro vejo em mesas redondas ou programas esportivos um jornalista declarar que é a hora do time "X" dar aquele "algo mais", a própria imprensa já comprou esse discurso.

Na posição de torcedor, não admito que qualquer jogador entre em campo e não dê pelo menos 120%, o "algo mais" a que eles tanto se referem deveria ser dado todo dia, em cada treinamento, em cada uma das 93 finalizações em gol que o sujeito trabalha, em cada pique de 50 metros, em cada exercício de bola parada, em cada fôlego e até o último. Em minha modesta opinião, o sujeito já é um privilegiado por antes de começar uma jornada de trabalho ter que calçar meiões, chuteiras, vestir um calção e, principalmente, a camisa do clube. Não gostei do filme "Boleiros", mas uma passagem em especial me tocou, quando um dos personagens, que é ex-jogador e tem uma escolhinha de futebol, entrega a um menor de rua (que treinava dentre os seus) a camisa que ele costumava jogar quando era profissional, no que ele diz algo mais ou menos assim, "Toma, garoto, eu jogava com essa camisa, não tem patrocínio, não tem nada, só o escudo e as cores do meu time". E faço aqui meu ponto, cada jogador que adentra o gramado, do camisa 10 do Real Madrid ao zagueiro central do Íbis, deve ter em mente que ele defende as cores de um time, uma bandeira, um símbolo, uma história imortal feita de batalhas dantescas e, sobretudo, que ele representa cada um daqueles que, por inaptidão ou destino, não puderam estar ali no lugar dele. Qualquer coisa menor que o "algo mais" é inaceitável, e vou além, uma verdadeira indecência, o prenúncio do fim dos tempos.

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