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Tuesday, March 25, 2008

FILOSOFIA MÁXIMA DE UM POVO
(Thales)

Sinceramente não me recordo da vez primeira que fui ao Mineirão, também pudera, tinha apenas três anos. Fui levado por meu tio, Pití (ele sempre me tratou por “Petit”, em meu analfabetismo infantil acabei por adotar a corruptela amineirada), atleticano apaixonado e principal responsável por minha devoção clubística.

Lembro-me que meu maior desejo era ir ao Mineirão, porém minha mãe não permitia. Mentia dizendo que só crianças com mais de cinco anos podiam entrar. Não sei que porção de sua alma meu tio vendeu para convencê-la, mas conseguiu. Temendo perder a credibilidade ela me disse: “Você vai, mas se alguém perguntar quantos anos você tem, fala cinco, senão não entra”. (Ironicamente ela me fazia mentir pra não passar por mentirosa). Conta meu tio que quando algum amigo dele perguntava minha idade eu respondia, “cinco”, e simultaneamente fazia o número três com os dedos.

Devo confessar que a equipe de meus anos iniciais não foi a que primeiro me marcou, exceto por meia dúzia de gols, algumas voltas olímpicas, os meiões arriados de Cerezo (muito me impressionava o sujeito jogar com as canelas à mostra) e os gritos enlouquecidos de “Rei, Rei, Rei, Reinaldo é nosso Rei”, guardo poucas lembranças. O primeiro time que eu sabia de cor a escalação era o de 85: João Leite, Nelinho, Batista, Luizinho, João Luiz, Elzo, Sérgio Araújo, Paulo Isidoro, Tita, Éverton e Edvaldo.

Mas independentemente do time, o que mais chamava minha atenção era a torcida, melhor dizendo, o atleticano. Um tipo deveras peculiar, obtuso em sua paixão, cego em seu amor, fiel ao preto e branco e inabalável em sua fé. Um verdadeiro personagem quixotesco. Imponderável sobre todas as coisas. Ou como diria o filósofo Sandor Tomich, “O atleticano é um fundamentalista”.

Falei do time de 85 e volto a ele. Foi com aquele time, mais precisamente no dia 28 de julho, que me tornei um fundamentalista. Lembro-me como se fosse hoje, o empate sem gols contra o Coritiba tirara o Galo da decisão do Brasileiro. Nesse dia, voltando pra casa com meu tio, no chiqueirinho da Variant, tive a certeza inabalável que seria Atlético até o fim dos tempos. Não haveria dor ou tormenta que fosse capaz de me demover aquele sentimento.

Hoje o Atlético faz 100 anos, sinceramente a data não me toca muito, me espantaria o oposto, se não fizesse 100, 200 ou 300 anos. O Atlético continuará a aniversariar até que tudo seja água. Como diz a célebre frase: “Enquanto nascer uma criança na face da terra o Atlético será imortal.”

Em tempo, saiu hoje no Estado de Minas a eleição do Atlético de todos os tempos, votação realizada entre 100 Atleticanos. Aproveito para deixar aqui a minha:

João Leite, Nelinho, Murilo, Luizinho, Oldair, Zé do Monte, Cerezo, Sérgio Araújo, Mário de Castro, Reinaldo e Éder Aleixo

A REGRA É CLARA!
(Thales)

Um verdadeiro piadista o senhor Arnaldo César Coelho, comentava ele no programa do Galvão, "vi a cotovelada do Éder e tive que expulsar, a regra é clara". Esse mesmo senhor, que posa de paladino da moral, na final de 77, contra o São Paulo, deu dois cartões amarelos para o time paulista, um para Neca, que causou em Ângelo uma fratura exposta, e outro para Chicão, que pisou na fratura exposta. A regra é clara, definitivamente as pessoas que fazem uso dela é que não o são.

Tuesday, March 18, 2008

CENTENARINHO
Thales

Após a partida entre Atlético e Ipatinga desliguei o televisor sentindo-me chafurdado na mais profunda descrença. Reparem bem, não se trata de uma descrença ordinária, inerente ao tipo atleticano, repito, trata-se da "mais profunda descrença".

Não, eu não esperava um grande time ou títulos no ano do centenário. Esperava somente uma equipe competitiva. Faço essas afirmações apenas para deixar claro que eu não tinha lá grandes expectativas a serem frustradas.

Tudo começou com a não renovação do contrato de Émerson Leão, que, a despeito de sua personalidade delirante, fez um belo trabalho no comando da equipe. Tanto que o time encerrou a participação no último Brasileiro com uma série de dez partidas invictas.

Ingenuamente concedi à diretoria o benefício da dúvida, uma vez que o dinheiro poupado com o salário de Leão poderia ser investido em jogadores de melhor nível técnico.

Logo em seguida teve início o período de contratações. A mais proeminente delas, Marcelo Nicácio, artilheiro do CRB no Brasileiro do ano passado (Série B). Custo a crer que a diretoria nada tenha aprendido com a contratação de Vanderlei. O uruguaio Agustin Vianna foi outro reforço, chegou para resolver o problema da lateral-esquerda. Fez meia dúzia de partidas e logo perdeu a posição para Thiago Feltri, que estava contundido e, até então, não disputara sequer uma partida na temporada. Ou seja, tiramos o rapaz de seu país apenas pelo deleite de humilhá-lo publicamente, preterindo-o a um quase manco. O anedotário é extenso, consta ainda um xerife paraguaio (cujo nome me escapa), Marques, Nêgo, Souza e Sidnei. Gostaria de dedicar especial atenção a Sidnei. Confesso desconhecer a origem do rapaz, sei apenas que erra rigorosamente todos os passes no meio campo e, vez por outra, tropeça nas próprias pernas, denotando graves problemas motores, possivelmente um sindrômico, talvez o Atlético esteja, assim como a Mc Donald’s e alguns estabelecimentos de novelas globais, recrutando pessoas com déficit cognitivo.

Por fim, a inexplicável saída de Éder Luis. O raciocínio me parece bastante elementar, a zaga é exatamente a mesma da temporada passada, os volantes têm mais qualidade, ou seja, a equipe precisaria apenas de duas peças, um meia-armador e um centroavante. E o que faz a diretoria? Empresta o único jogador do elenco com capacidade para executar essas duas funções. Sob qual alegação? Necessidade de fazer caixa. No que eu pergunto, onde está o dinheiro poupado com a saída de Leão? De onde viria dinheiro para uma contratação de peso?

Uma coisa é certa, se dependermos de Danilinho (que como bem colocou o Elói, “quando ele joga bem, ele joga mal”) o ano será repleto em diminutivos.

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