Friday, June 13, 2008
AMARELAR O AMARELÃO?
Lessa
Durante o jogo Itália e Holanda, talvez o melhor da Eurocopa até agora, a comentarista da Rede Record afirmou que os dois melhores goleiros do mundo estavam em campo. Ela se referia, naturalmente, a Buffon e Van der Sar.
De fato, são grandes goleiros, no mínimo pela estatura. Mas, de certa forma, achei absurdo ela ter omitido os outros postulantes óbvios.
Casillas é um fenômeno, todo mundo sabe. Não fosse ele, o Real Madrid teria sofrido humilhações ainda mais memoráveis nos tempos de vacas magras.
Peter Cech, por sua vez, demonstra consistentemente que, se não é o melhor goleiro do mundo, deve ser ao menos considerado quando o assunto é conter excelentes atacantes. Ninguém tem uma noção tão boa de posicionamento quanto ele; ninguém, mas ninguém mesmo, sai em cruzamentos tão bem.
Depois da final da Champions League, Cech declarou à imprensa que pegou o pênalti de Cristiano Ronaldo porque fez a escolha certa. Decidira esperar pela habitual paradinha do craque português. Caso ele parasse, seria “simples” defender.
Na verdade, quem viu o replay do pênalti sabe que não foi tão simples assim. Cech defendeu o chute com o nariz, depois que a bola passou entre seus braços. Mas devemos dar méritos a ele pelo simples fato de ter feito Ronaldo hesitar. Hesitar não: tremer. A paradinha virou uma paradona e aí...
Eis o meu questionamento: quando o batedor faz a paradinha e o goleiro fica estático, a conversão fica consideravelmente menos provável. Quanto mais tempo o jogador permanece “paradinho” (sinal inequívoco de uma indecisão), mais nervoso ele fica. Parece-me que, em casos como este, o melhor que o batedor tem a fazer é interromper a cobrança. Pedir desculpas ao juiz, ao goleiro, à torcida, e tomar distância novamente.
A pergunta, para os Arnaldos de plantão, é a seguinte: de acordo com a regra, o que o juiz deve fazer nesta circunstância? Considera o pênalti desperdiçado? Deixa a coisa prosseguir? Ou dá um cartão amarelo para o batedor? Minha opinião é de que ele decide pela última alternativa. Dá um amarelo para o amarelão.
O que chega a ser até poético, além de simples, como regra: se amarelar, vai ser amarelado. Com Cech debaixo das traves, eu amarelaria com certeza. Muito humildemente, aceitaria tomar o cartão para poder tentar de novo. Mas permanece a pergunta: será mesmo que o juiz me amarelaria pela minha amarelada?
Lessa
Durante o jogo Itália e Holanda, talvez o melhor da Eurocopa até agora, a comentarista da Rede Record afirmou que os dois melhores goleiros do mundo estavam em campo. Ela se referia, naturalmente, a Buffon e Van der Sar.
De fato, são grandes goleiros, no mínimo pela estatura. Mas, de certa forma, achei absurdo ela ter omitido os outros postulantes óbvios.
Casillas é um fenômeno, todo mundo sabe. Não fosse ele, o Real Madrid teria sofrido humilhações ainda mais memoráveis nos tempos de vacas magras.
Peter Cech, por sua vez, demonstra consistentemente que, se não é o melhor goleiro do mundo, deve ser ao menos considerado quando o assunto é conter excelentes atacantes. Ninguém tem uma noção tão boa de posicionamento quanto ele; ninguém, mas ninguém mesmo, sai em cruzamentos tão bem.
Depois da final da Champions League, Cech declarou à imprensa que pegou o pênalti de Cristiano Ronaldo porque fez a escolha certa. Decidira esperar pela habitual paradinha do craque português. Caso ele parasse, seria “simples” defender.
Na verdade, quem viu o replay do pênalti sabe que não foi tão simples assim. Cech defendeu o chute com o nariz, depois que a bola passou entre seus braços. Mas devemos dar méritos a ele pelo simples fato de ter feito Ronaldo hesitar. Hesitar não: tremer. A paradinha virou uma paradona e aí...
Eis o meu questionamento: quando o batedor faz a paradinha e o goleiro fica estático, a conversão fica consideravelmente menos provável. Quanto mais tempo o jogador permanece “paradinho” (sinal inequívoco de uma indecisão), mais nervoso ele fica. Parece-me que, em casos como este, o melhor que o batedor tem a fazer é interromper a cobrança. Pedir desculpas ao juiz, ao goleiro, à torcida, e tomar distância novamente.
A pergunta, para os Arnaldos de plantão, é a seguinte: de acordo com a regra, o que o juiz deve fazer nesta circunstância? Considera o pênalti desperdiçado? Deixa a coisa prosseguir? Ou dá um cartão amarelo para o batedor? Minha opinião é de que ele decide pela última alternativa. Dá um amarelo para o amarelão.
O que chega a ser até poético, além de simples, como regra: se amarelar, vai ser amarelado. Com Cech debaixo das traves, eu amarelaria com certeza. Muito humildemente, aceitaria tomar o cartão para poder tentar de novo. Mas permanece a pergunta: será mesmo que o juiz me amarelaria pela minha amarelada?
