Friday, October 24, 2008
FAIR?
Thales
O termo fair play pode ser traduzido como "jogo leal". Ou seja, bons modos e cavalheirismo a serviço do futebol.
Antes de mais nada gostaria de fazer um registro, it's not a freaking date, people.
Sou de opinião que não há espaço para fair play no futebol. Especialmente num país como o Brasil, em que a falta de caráter é tratada como aspecto cultural. Não tenham a menor dúvida, o sujeito vai tentar levar vantagem em todas as situações de jogo que estiver envolvido, seja usando a mão para tentar o gol, cavando um pênalti ou acariciando o derriére do adversário a fim de irritá-lo. Se levarmos a idéia de ludibriar o outro às últimas consequências, até mesmo o drible iria de encontro ao tal fair play, pois o drible é arte de fazer com que o adversário creia que você tomará um caminho, quando na verdade tomará outro, atitude enganosa e deselegante.
No clássico de domingo ocorreu uma situação que ilustra bem tal questão. Cruzeiro 1x0, cruzamento na área celeste, a bola é espanada para o meio campo, quica entre dois adversários, o juiz apita, um jogador de azul caído na marca penal. Paralisação, maca em campo, rapaz retirado. Disputa de bola, jogador do Atlético chuta a bola em direção à área cruzeirense (muito embora, no momento anterior à paralisação, a pelota estivesse em disputa), Fábio sai do gol, domina a bola com o pé e, no intuito de ganhar tempo, pára diante da bola, e assim fica até a aproximação de um adversário, só então ele recolhe a criança com as mãos para reiniciar o jogo. A cera (ou anti-jogo, como preferirem), imediatamente após a devolução da bola, foi um tapa na cara do fair play.
Naturalmente o Atlético não perdeu porque seus jogadores foram mais gentis. O que estou dizendo é que não pode haver "jogo leal" num esporte caracterizado pela malandragem e pela "esperteza". É um jogo bastante diverso do tênis, por exemplo, esporte em que são disputados 300 pontos no decorrer de uma partida. Em tais circunstâncias, ser honesto sobre uma bola dentro ou fora não fará a menor diferença no resultado final da contenda. Já no futebol, após 90 minutos, é comum que nenhuma das equipes tenha tido sucesso em marcar um único e escasso ponto. O futebol é cruel e, no mais das vezes, injusto. Unfair. É o mais popular dos esportes única e exclusivamente pela carga dramática suscitada pelas mais tenebrosas injustiças.
Outra questão importante sobre o fair play é que, como pimenta, é sempre bom nos olhos dos outros. O time perde por 1x0, tem a posse da bola e há um jogador seu caído, a paralisação do jogo é praticamente impensável, a bola só será colocada pra fora como último recurso, aliás, não raro o próprio jogador se levanta, ainda manquitolando, apenas para que o juiz não paralise a partida. Caso vencesse por 1x0, até espirro seria razão para colocar a bola pela lateral. O jogador não está preocupado em seguir a regra, ele está preocupado em tirar o máximo de vantagem dela.
Por fim o ponto que me parece mais importante - a ausência do fair play não implica no unfair play. Uma coisa é a falta de caráter, outra, muito diferente, é o mau caratismo. No primeiro caso o sujeito tem uma moral flexível, ou seja, praticará ou não o fair play na medida da necessidade, e reside aí o aspecto demagógico da coisa. Já Kléber, do Palmeiras, é o exemplo perfeito do segundo caso, trata-se de um jogador cuja estupidez ultrapassa qualquer entendimento lógico, não encontro palavra melhor que maligno para definir sua pessoa. O que deve ser combatido no futebol é a deslealdade, custo a crer que uma bola devolvida após o atendimento médico fará com que o coração de Kléber se encha de candura. Ao diabo com a demagogia protocolar.
Thales
O termo fair play pode ser traduzido como "jogo leal". Ou seja, bons modos e cavalheirismo a serviço do futebol.
Antes de mais nada gostaria de fazer um registro, it's not a freaking date, people.
Sou de opinião que não há espaço para fair play no futebol. Especialmente num país como o Brasil, em que a falta de caráter é tratada como aspecto cultural. Não tenham a menor dúvida, o sujeito vai tentar levar vantagem em todas as situações de jogo que estiver envolvido, seja usando a mão para tentar o gol, cavando um pênalti ou acariciando o derriére do adversário a fim de irritá-lo. Se levarmos a idéia de ludibriar o outro às últimas consequências, até mesmo o drible iria de encontro ao tal fair play, pois o drible é arte de fazer com que o adversário creia que você tomará um caminho, quando na verdade tomará outro, atitude enganosa e deselegante.
No clássico de domingo ocorreu uma situação que ilustra bem tal questão. Cruzeiro 1x0, cruzamento na área celeste, a bola é espanada para o meio campo, quica entre dois adversários, o juiz apita, um jogador de azul caído na marca penal. Paralisação, maca em campo, rapaz retirado. Disputa de bola, jogador do Atlético chuta a bola em direção à área cruzeirense (muito embora, no momento anterior à paralisação, a pelota estivesse em disputa), Fábio sai do gol, domina a bola com o pé e, no intuito de ganhar tempo, pára diante da bola, e assim fica até a aproximação de um adversário, só então ele recolhe a criança com as mãos para reiniciar o jogo. A cera (ou anti-jogo, como preferirem), imediatamente após a devolução da bola, foi um tapa na cara do fair play.
Naturalmente o Atlético não perdeu porque seus jogadores foram mais gentis. O que estou dizendo é que não pode haver "jogo leal" num esporte caracterizado pela malandragem e pela "esperteza". É um jogo bastante diverso do tênis, por exemplo, esporte em que são disputados 300 pontos no decorrer de uma partida. Em tais circunstâncias, ser honesto sobre uma bola dentro ou fora não fará a menor diferença no resultado final da contenda. Já no futebol, após 90 minutos, é comum que nenhuma das equipes tenha tido sucesso em marcar um único e escasso ponto. O futebol é cruel e, no mais das vezes, injusto. Unfair. É o mais popular dos esportes única e exclusivamente pela carga dramática suscitada pelas mais tenebrosas injustiças.
Outra questão importante sobre o fair play é que, como pimenta, é sempre bom nos olhos dos outros. O time perde por 1x0, tem a posse da bola e há um jogador seu caído, a paralisação do jogo é praticamente impensável, a bola só será colocada pra fora como último recurso, aliás, não raro o próprio jogador se levanta, ainda manquitolando, apenas para que o juiz não paralise a partida. Caso vencesse por 1x0, até espirro seria razão para colocar a bola pela lateral. O jogador não está preocupado em seguir a regra, ele está preocupado em tirar o máximo de vantagem dela.
Por fim o ponto que me parece mais importante - a ausência do fair play não implica no unfair play. Uma coisa é a falta de caráter, outra, muito diferente, é o mau caratismo. No primeiro caso o sujeito tem uma moral flexível, ou seja, praticará ou não o fair play na medida da necessidade, e reside aí o aspecto demagógico da coisa. Já Kléber, do Palmeiras, é o exemplo perfeito do segundo caso, trata-se de um jogador cuja estupidez ultrapassa qualquer entendimento lógico, não encontro palavra melhor que maligno para definir sua pessoa. O que deve ser combatido no futebol é a deslealdade, custo a crer que uma bola devolvida após o atendimento médico fará com que o coração de Kléber se encha de candura. Ao diabo com a demagogia protocolar.
Monday, October 13, 2008
Mais do mesmo: eu e a hiena.
Billy
Vejam o comentário de Juca Kfouri, hiena paradigma, a respeito da vitória da seleção sobre a Venezuela, no domingo (retirado do blog). Reparem na acidez que lhe escorre queixo abaixo:
============================================
Percebam o tom do confronto. Chego a imaginar o comentarista, com o dedo no nariz do capitão do Tetra, às vésperas das vias de fato, desafiando-o: "É isso mesmo, seu Dunga. Seu time não é de nada."
Escondido atrás da crônica, a hiena se comporta como o paladino da virtude, da vitória e do futebol bem jogado.
Mas, se não me engano, foi isso que a Seleção apresentou contra a Venezuela: virtudes, vitória e futebol bem jogado.
Em que pese a fragilidade do adversário, o primeiro gol de Robinho, amigos, é uma obra definitiva que não escolhe rival. Fosse a Seleção do Vaticano ou a da Argentina, o destino da bola era o golaço.
E se golear a Venezuela era de fato uma obrigação, foi cumprida a contento.
Com a pergunta/comentário sobre a defesa da Seleção, chegamos na esquina do absurdo com a obsessão.
O jogador brasileiro, quando brilha em gramados gelados, atuando por seus clubes alienígenas, é exaltado pelo crônico cronista. Mas quando brilha pela Seleção, ele não é de nada. Apenas um burocrata que "emite" golaços numa obrigação protocolar.
Billy
Vejam o comentário de Juca Kfouri, hiena paradigma, a respeito da vitória da seleção sobre a Venezuela, no domingo (retirado do blog). Reparem na acidez que lhe escorre queixo abaixo:
"Dunga, seu time não é de nada!
Golear a Venezuela, seja onde for, mesmo em San Cristóbal, até o time da minha rua goleia.
Quero ver fazer isso com a Colômbia, quarta-feira que vem, no Maracanã.
É isso mesmo, seu Dunga.
Porque não pense que nos esquecemos que depois da vitória contra o Chile, em Santiago, seu time deu aquele vexame, no Engenhão, e não passou de um vergonhoso 0 a 0 com a Bolívia.
Você ainda não conseguiu ganhar duas seguidas nestas eliminatórias e nós desafiamos a sua turma a acabar com essa escrita.
E sua defesa, veja lá: por que o Júlio César teve que pegar tantas bolas?
Aí sim, se conseguir, você poderá passar as festas de fim de ano feliz, por mais que tenha gente de olho no seu emprego.
Mas, repito, seu time não é de nada."
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Percebam o tom do confronto. Chego a imaginar o comentarista, com o dedo no nariz do capitão do Tetra, às vésperas das vias de fato, desafiando-o: "É isso mesmo, seu Dunga. Seu time não é de nada."
Escondido atrás da crônica, a hiena se comporta como o paladino da virtude, da vitória e do futebol bem jogado.
Mas, se não me engano, foi isso que a Seleção apresentou contra a Venezuela: virtudes, vitória e futebol bem jogado.
Em que pese a fragilidade do adversário, o primeiro gol de Robinho, amigos, é uma obra definitiva que não escolhe rival. Fosse a Seleção do Vaticano ou a da Argentina, o destino da bola era o golaço.
E se golear a Venezuela era de fato uma obrigação, foi cumprida a contento.
Com a pergunta/comentário sobre a defesa da Seleção, chegamos na esquina do absurdo com a obsessão.
O jogador brasileiro, quando brilha em gramados gelados, atuando por seus clubes alienígenas, é exaltado pelo crônico cronista. Mas quando brilha pela Seleção, ele não é de nada. Apenas um burocrata que "emite" golaços numa obrigação protocolar.
Uma pergunta final: Se, ao invés de 4, tivessem sido 8 gols, onde seria depositada a ênfase do discurso da hiena: na força da Seleção ou na fraqueza do adversário?
Friday, October 03, 2008
BURRO OU GÊNIO INCOMPREENDIDO?
Billy
Billy
É tênue a linha divisória entre a burrice e a genialidade, quando se trata de futebol.
No domingo passado, contra o São Paulo, Adilson fez uma substituição inusitada, quando o jogo ainda estava 0x0. Tirou o Thiago Ribeiro, que era, de longe, o melhor jogador do Cruzeiro e colocou o lateral-direito Maurinho. Coincidência ou não, o São Paulo marcou logo em seguida. E isso por volta dos 25 minutos do segundo tempo. Confesso que eu mesmo praguejei e culpei o treinador pela derrota, embora não goste desse expediente. Acho que quem entra em campo é que tem culpa.
Ontem contra o Sport, com o jogo em um preocupante 0x0, já no segundo tempo, o treinador do Cruzeiro fez uma substituição, digamos, convencional. Trocou um atacante por outro. Tirou o mesmo Thiago Ribeiro e colocou Jajá, outrora xodó da torcida.
O coro veio forte: BURRO! BURRO!! BURRO!!!
Passados 5 minutos, nasce dos pés de Jajá o lance do gol salvador. Com um passe decisivo, deixou Magrão (esse jogador me dá arrepios, mas é assunto para outro post) na cara do gol.
E para onde foram os gritos de BURRO?? Ninguém gritou gênio!, gênio!!, gênio!!! Nem em minúsculas.
Mas, no momento, me pareceu a substituição correta. Thiago vinha mal e Jajá entrou com bastante disposição.
Insisto na minha ladainha habitual. Adilson trouxe padrão de jogo ao Cruzeiro e deu um jeito em uma defesa que, ano passado, foi uma vergonha. Soube escolher muito bem algumas contratações: Marquinhos Paraná e Fabrício são jogadores de primeira linha, não resta dúvida. Não fosse algumas substituições bizarras, que, por vezes, atrapalham o time, o Cruzeiro poderia estar na liderança. Por outro lado, não fosse as mesmas ousadias, a situação poderia estar muito pior.
Gênio incompreendido ou burro de carteirinha?
No domingo passado, contra o São Paulo, Adilson fez uma substituição inusitada, quando o jogo ainda estava 0x0. Tirou o Thiago Ribeiro, que era, de longe, o melhor jogador do Cruzeiro e colocou o lateral-direito Maurinho. Coincidência ou não, o São Paulo marcou logo em seguida. E isso por volta dos 25 minutos do segundo tempo. Confesso que eu mesmo praguejei e culpei o treinador pela derrota, embora não goste desse expediente. Acho que quem entra em campo é que tem culpa.
Ontem contra o Sport, com o jogo em um preocupante 0x0, já no segundo tempo, o treinador do Cruzeiro fez uma substituição, digamos, convencional. Trocou um atacante por outro. Tirou o mesmo Thiago Ribeiro e colocou Jajá, outrora xodó da torcida.
O coro veio forte: BURRO! BURRO!! BURRO!!!
Passados 5 minutos, nasce dos pés de Jajá o lance do gol salvador. Com um passe decisivo, deixou Magrão (esse jogador me dá arrepios, mas é assunto para outro post) na cara do gol.
E para onde foram os gritos de BURRO?? Ninguém gritou gênio!, gênio!!, gênio!!! Nem em minúsculas.
Mas, no momento, me pareceu a substituição correta. Thiago vinha mal e Jajá entrou com bastante disposição.
Insisto na minha ladainha habitual. Adilson trouxe padrão de jogo ao Cruzeiro e deu um jeito em uma defesa que, ano passado, foi uma vergonha. Soube escolher muito bem algumas contratações: Marquinhos Paraná e Fabrício são jogadores de primeira linha, não resta dúvida. Não fosse algumas substituições bizarras, que, por vezes, atrapalham o time, o Cruzeiro poderia estar na liderança. Por outro lado, não fosse as mesmas ousadias, a situação poderia estar muito pior.
Gênio incompreendido ou burro de carteirinha?