Tuesday, November 18, 2008
HEURELHO
Lessa
Infeliz o homem que é infeliz no nome.
Heurelho da Silva Gomes nunca foi chamado de Heurelho na vida.
Acumula apelidos. Bons e ruins.
Certa vez, foi chamado de “Homem-Elástico”.
Em seu momento de glória, foi "O Goleiro Grande".
Neste exato momento, a imprensa inglesa o chama de “Gormless Gomes”.
Seus sete erros com a camisa 1 do Tottenham foram todos sem-noção.
E dos sete, quatro resultaram em gols. Igualmente sem-noção.
A esta altura, você já sabe o significado de gormless.
O que você não sabe é que, depois do frangasso engolido contra o Fulham pela Copa Inglesa, Heurelho está sendo considerado o maior piruzeiro de todos os tempos do campeonato inglês.
Ele compete com um cara que jogou a bola pra dentro do gol com as mãos; com outro que, num lateral batido por seu próprio zagueiro, levou entre as pernas; e finalmente por Massimo Taibi, seu maior rival na luta pelo prestigioso All-time Glu-glu Award.
Eu sempre achei o Gomes um goleiro temerário.
Acho difícil dizer se é o pior da história da Premier League.
Mesmo assim, cabe a pergunta:
Tem algum cruzeirense ainda disposto a defender o inominável de berço?
Tuesday, November 11, 2008
Thales
Não ia escrever, mas mudei de idéia lendo os comentários do Renato no post anterior.
Gostaria de falar sobre São Paulo e Portuguesa, que ocorreu no último sábado.
Fui duramente atacado pelo nobre amigo ao revelar minha aposta no time de Muricy. Explico.
Tinha decidido apostar uns dinheiros na vitória são paulina, que pagava 1.85 pra cada real apostado. Parecia o dinheiro mais fácil de toda minha vida. Só que cochilei uma hora antes da partida e acordei aos 10 minutos da primeira etapa, quando o São Paulo já vencia por 1x0, resultado, na cotação da aposta ao vivo o tricolor pagava apenas 1.20. Desisti do jogo do São Paulo e fui assistir a partida entre Vasco e Santos, aliás, o rebaixamento do Vasco me interessa mais do que o futuro campeão brasileiro. Foi quando o locutor anunciou o empate da Lusa no Canindé. Como a partida já estava nos 40 minutos, resolvi esperar o término do primeiro tempo para fazer minha aposta, que, a essa altura, deveria estar pagando 2.30. Mas aos 43 Borges anotou o segundo gol tricolor e novamente as odds despencaram. Assim foi até 27 minutos da etapa final, quando Jonas igualou o placar para a Portuguesa. Corri para frente do PC e lá estava, vitória tricolor a 3.20. Não tive dúvidas, 15 minutos são mais que suficientes para o São Paulo achar um gol, apostei nele, e faltando dois minutos para o término da partida fui recompensando com o triplete de Borges.
E foi aí que o Renato me espinafrou, não pela aposta inicial, uma vez que era provável que o São Paulo vencesse, mas por minha aposta aos 30 da etapa final. Renato, é com todo carinho do mundo que lhe digo isso, mas só um idiota pra achar que caso o São Paulo tenha o título ameaçado será por conta da Lusa no Canindé. A Portuguesa era melhor? Sim. No que eu pergunto, e daí? Era circunstancialmente melhor, era melhor porque estava atrás no placar, caso o tricolor estivesse perdendo o jogo estaria ele melhor na partida e buscando o resultado, nada mais natural. O São Paulo é tão superior que dos 90 minutos de jogo, apenas em 25 deles o placar esteve em igualdade, sendo que houve 5 gols na partida. O São Paulo levou 8 minutos para tomar a dianteira e depois mais 2 minutos para retomá-la, a mensagem era clara, "podemos decidir o jogo quando bem entendermos", e, novamente, 15 minutos eram mais que suficientes. Daí ouço como argumentos, "o goleiro entregou o primeiro gol e o zagueiro o segundo", mas é justamente por isso que a Portuguesa luta contra o rebaixamento. "A bola de Edno poderia ter entrado no último lance, ou você previu isso também?", poderia, mas não entrou, assim como não entrou em 3 oportunidades que a Lusa teve para matar o jogo contra o Flamengo, poderia ter saído com uma vitória por 3 ou 4 gols do Maracanã. Não se trata de sorte de campeão, mas de demérito de rebaixado. O jogo em questão me lembrou muito Cruzeiro e Atlético no primeiro turno, uma equipe que passeou na primeira etapa, voltou satisfeita com o placar para o segundo tempo, sofreu o gol de empate, poderia ter levado a virada, mas achou um gol aos 43. Venceu o Vasco por 1x0 num lance pra lá de discutível, tendo perdido um pênalti, aliás, pênalti que não foi marcado a favor do São Paulo no domingo, ou a não marcação do pênalti é sorte de campeão também?
A mim parece mais que justa a "sorte de campeão" do São Paulo, não foi o melhor time, não jogou mais bonito, mas soube decidir quando precisou, havia sido severamente castigado pelo gol de Washington na Libertadores. O campeonato tem 38 rodadas, não se trata de sorte, tivesse o Cruzeiro na liderança e os são paulinos estariam lamentando o empate com o Ipatinga em casa, assim como os Palmeirenses vão lamentar as derrotas pra Grêmio e Sport. O Cruzeiro perdeu o título na derrota para o Goiás, por ter somado apenas 4 pontos nos 18 que disputou contra adversários diretos. O São Paulo tirou 11 pontos de vantagem para o Grêmio, uma covardia sem par atribuir tal recuperação ao fator sorte. Foi um bom campeonato, mas já acabou, hora de engolir o chororô e esperar pelo ano que vem.
PS: Aliás, dêem uma olhada na classificação das últimas 10 rodadas. Lá verão que o São Paulo tem 86% de aproveitamento, que o Grêmio está atrás do Galo, inadmissível pra quem briga pelo título, que o Cruzeiro tem o mesmo aproveitamento do Inter que já abandonou o Brasileirão.
Tuesday, November 04, 2008
Thales
Abro os olhos domingo e, tal qual o personagem de Kafka, a primeira coisa que faço é averiguar se me transformei ou não num gigantesco inseto repugnante. Meio litro de água da pia e as coisas já não parecem tão ruins. Volto pra cama na expectativa de mais algumas horas de sono. Dez minutos depois o despertador toca. Lembro-me do jogo do Galo. Por um instante tenho vontade de chorar. "Putz, a corrida". Pulo da cama ainda em tempo de ver a largada (graças ao providencial atraso de 10 minutos). Cogito seriamente não ir ao Mineirão. Chego à conclusão que uma dose de amor clubístico fará bem à minha ressaca. Meu primo liga dizendo que levará o pequeno ao campo e gostaria de se encontrar comigo lá. A gênese de um torcedor, pensei comigo, taí algo que será divertido. Combinamos de nos encontrar no portão 7. Ainda no estacionamento vejo uma família parada diante da escada, vários pequenos torcedores, uma senhora parruda, supostamente a mãe, grita com todos, suspende um pelo braço, o virá de costas e lhe aplica três bofetadas no traseiro com tamanha força que os pés do garoto chegam a sair do chão, o pequeno torcedor chora, a mãe grita mais alto ainda, "faz mais pirraça pra você ver!". Dentro do estádio mais desamor, bem na minha frente um garoto segura orgulhoso sua bandeira alvi-negra, sua irmã tenta segurá-la junto com ele, imediatamente leva uma patada na cara, a pobre torcedora cai do assento e chora copiosamente, o pai aperta o braço do guri e grita a plenos pulmões sobre bons modos e a importância de se dividir as coisas, mas a única coisa que o pequeno divide com a irmã é o choro. Imagino uma criança são paulina no Morumbi, o pai lhe cobre de beijos e abraços, na hora do picolé o ambulante fala, "esse é por conta da casa", o pai então afaga a cabeça do garoto que sorri de maneira angelical, uma verdadeira propaganda de margarina, enquanto os torcedores do atlético mais parecem alunos de alguma instituição mental. Caio, filho do meu primo, assitiu o jogo sentado no colo do pai, olhos vidrados no campo, curioso, atento e, ao final de 90 minutos, feliz. Enfim, espero de coração que a próxima diretoria possa formar torcedores mais felizes, que não comecem a chorar toda vez que um copo se espatifar e alguém gritar "Galo!".
PS: Atendendo ao pedido do Renato, o Galo não vai cair, o Cruzeiro disputará a Libertadores, o São Paulo será campeão e não vejo nada de tão emocionante pra ser comentado.